Este chamado está dirigido a organizações
e indivíduos da esquerda revolucionária internacional,
a quem convidamos a assiná-lo e a atuarmos juntos para implementar
suas táticas e suas consignas em cada país, no próximo
período.
1 A guerra contra o Iraque será uma guerra pelo petróleo:
pelo saque dos recursos naturais do país por um consórcio
das maiores companhias petrolíferas norte-americanas, como
Exxon e a BP britânica. Porém, é, ao mesmo tempo,
outro passo no rumo de uma total dominação do mundo
pelos Estados Unidos.
2 Primeiro, o Afeganistão foi submetido a um bombardeio
massivo que resultou na sua efetiva colonização. Agora,
o Iraque está a ponto de receber o mesmo tratamento, mas
desta vez com uma invasão terrestre de mais de 250.000 soldados
norte-americanos e britânicos. Um general norte-americano
teria o poder em Bagdá - com ou sem um governo títere
iraquiano. Esta recolonização está planejada
para durar uma década ou mais, se George Bush atinge seu
objetivo. Não deve fazê-lo!
3 A Casa Branca tem imposto uma nova doutrina: seu "direito"
de empreender ações militares preventivas contra qualquer
estado soberano. Bush reclama o direito de impor uma "mudança
de regime" por meios militares em todo lugar que considere
ameaçados os interesses vitais econômicos e de segurança
do estado e das grandes empresas norte-americanas.
4 As reservas de petróleo do Iraque serão usadas
para submeter ainda mais a já débil soberania dos
estados do Oriente Médio. Bush e Ariel Sharon vão
impor uma solução final contra os palestinos que os
privará de toda esperança de alcançar sua autodeterminação
nacional.
5 Enquanto isso, os colonos expansionistas, alentados por bilhões
de dólares norte-americanos e tecnologia armamentista, têm
via livre para sua sangrenta ocupação de cidades e
aldeias palestinas. Os palestinos estão estigmatizados como
"terroristas" e, como ao Iraque, lhes dizem que mudem
sua direção ou sofram as conseqüências.
6 Os "estados terroristas" são Israel e seu amo
transatlântico, armados até os dentes com "armas
de destruição massiva" numa escala incrível.
É ridículo que o Iraque seja uma ameaça para
eles.
7 Os principais estados da União Européia, além
da Rússia e da China, posam como defensores da lei internacional
e expressam suas dúvidas sobre um ataque ao Iraque. Desde
o ponto de vista diplomático se escudam no Conselho de Segurança
das Nações Unidas para limitar a ação
unilateral e preventiva dos Estados Unidos.
8 Seus motivos não são a busca desinteressada da
paz, mas seu próprio interesse. A França e a Rússia
têm seus próprios investimentos e concessões
para defender no Iraque. A Alemanha busca limitar a extensão
do controle norte-americano porque quer construir uma superpotência
imperialista rival com uma influência independente na região.
9 A Rússia e a China querem continuar sua opressão
aos chechenos, aos uigers e aos tibetanos sem interferência
estrangeira. Assim, querem preservar o poder de veto no Conselho
de Segurança. Porém, enquanto lhes seja favorável
não obstruirão Bush. Não têm nenhuma
razão para defender a independência do Iraque nem de
nenhum outro país. O Conselho de Segurança das Nações
Unidas é verdadeiramente um "covil de ladrões".
10 Mas os ladrões também lutam entre si. Apesar da
atual proeminência global norte-americana, o imperialismo
continua sendo um sistema de rivalidades entre distintas potências
imperialistas. Nenhuma delas se atreve, hoje, a desafiar militarmente
os Estados Unidos, mas a ofensiva global de Washington inevitavelmente
as obrigará a unir-se para resistir. Portanto, todo seu discurso
sobre a lei internacional e as "soluções pacíficas"
são mentira.
11 Os que propiciam uma solução por parte das Nações
Unidas estão preparando uma armadilha para a classe operária
e para todos aqueles que resistem a esta guerra. Tão logo
a coação e o suborno obtenham aprovação
das Nações Unidas eles acatarão "aflitos"
a decisão da "comunidade internacional". Não!
Com ou sem aprovação da ONU devemos lutar contra esta
guerra imperialista!
12 Bush e Blair dizem que a "guerra contra o terrorismo"
está justificada pela necessidade de assegurar a defesa nacional
e a segurança dos Estados Unidos. Esta mentira se repete
cada dia milhares de vezes nos meios multimilionários. Por
meio dessas armas de engano, as classes dominantes norte-americana
e britânica querem reunir o apoio da classe operária
para sua agressão imperialista.
13 O que os ativistas "anticapitalistas" em muitas partes
do mundo chamam de capitalismo global ou neoliberalismo - o saque
de todo o planeta pelo FMI, Banco Mundial e as grandes corporações
capitalistas multinacionais - está integralmente ligado à
"guerra contra o terrorismo" e à intenção
de recolonizar o Iraque. Por que? Porque o imperialismo se caracteriza
essencialmente por ser terrivelmente destrutivo e desumano. Portanto,
para por fim à guerra é necessário extirpar
pela raiz o sistema imperialista de conjunto.
14 Para a classe operária a "guerra contra o terrorismo"
significa a suspensão ou a abolição de direitos
civis chaves: hoje, a liberdade de movimento e de asilo estão
restringidos e a vigilância do estado tem se estendido enormemente.
Dá-se um verniz de respeitabilidade ao racismo e à
islamofobia sobre a base da "segurança". Na medida
em que amplie a crise da guerra a liberdade de expressão
e de organização estará na linha de fogo.
15 A guerra contra o terrorismo é uma luz verde para que
todas as nações opressoras aumentem suas ações
militares contra os povos, aos quais se nega o direito elementar
à autodeterminação nacional. O estado espanhol
proíbe o partido basco Batasuna. A policia britânica
invade os gabinetes do Sinn Fein na Assembléia da Irlanda
do Norte e depois a suspende. Moscou aproveita a oportunidade para
intensificar sua campanha assassina contra os chechenos. O criminoso
de guerra Sharon reocupa a faixa ocidental e destrói a Autoridade
Nacional Palestina. Em nome da "guerra contra o terrorismo",
os Estados Unidos financiam o "Plano Colômbia" e
apóiam o reacionário Uribe.
16 Entretanto, o triunfo de Bush e Blair não é inevitável.
Não devem triunfar!
17 Hoje em todo o mundo existe e atua um movimento de massas contra
a guerra. No final de setembro e início de outubro mobilizações
enormes de 400.000 pessoas em Londres e um milhão em Roma
mostraram o que se pode fazer. Os trabalhadores com consciência
de classe, as comunidades muçulmanas e de imigrantes, as
mulheres e os jovens revolucionários se opõem aos
milhões a esta guerra.
18 Buscamos deter esta guerra com mobilizações de
massas que sacudam o sistema desde suas bases e derrote os guerreiristas
e os que os apóiam.
19 Isto deve ocorrer nos próprios países imperialistas.
Quando o combate explodir devemos chamar clara e inequivocamente
pela derrota total da invasão imperialista e pela vitória
da resistência iraquiana. Como nos dias da guerra do Vietnã,
a vitória de uma antiga colônia contra a agressão
da Grande Potência deve ser o grito que unifique o movimento
anticapitalista e o movimento operário internacional. Pela
vitória do Iraque!
20 Devemos exigir dos sindicatos que realizem ações
contra a guerra: boicote, greves massivas, mobilizações.
Nos Estados Unidos e na Inglaterra a tarefa é converter a
guerra imperialista contra países como o Iraque em uma crise
política e social geral que leve à derrubada de Bush
e Blair.
21 Os deputados dos partidos trabalhistas, socialistas e comunistas
devem impor debates no parlamento - usando suas bancadas para denunciar
os motivos reais dos guerreiristas. Não apenas devem votar
contra a guerra, mas também interromper o funcionamento normal
dos parlamentos e convocar à resistência ativa os trabalhadores
e a juventude.
22 Apoiamos as intifadas de massas em todo o mundo árabe
e muçulmano contra os Estados Unidos e a Inglaterra contra
todos os regimes que os apóiam, ativa ou passivamente. Chamamos
mobilizações e ações diretas contra
as bases e os símbolos do poder imperialista e seus investimentos
corporativos em todo o globo.
23 Essas ações distinguem a oposição
anticapitalista, antiimperialista e revolucionária à
guerra. Os dirigentes reformistas se oporão dizendo que o
apoio à resistência do Iraque contra o ataque dos Estados
Unidos e da Inglaterra implica apoiar Saddam Hussein, do mesmo modo
que disseram que o derrotismo na guerra afegã implicava o
apoio à ditadura talebã.
24 Porém, apenas o povo iraquiano - árabes e curdos
- tem o direito de derrubar a brutal ditadura de Saddam e ao mesmo
tempo assegurar a independência de seu país. Ser colonizado
pelos Estados Unidos e pela Inglaterra seria um desastre terrível
para eles. Somente se alcançará a libertação
se os trabalhadores e a juventude das cidades se levantarem e substituírem
o regime baathista e militar por uma democracia baseada nos conselhos
de operários e camponeses.
25 Os dirigentes oficiais do movimento operário europeu
novamente traíram a classe operária, oferecendo apoio
aberto ou velado à guerra de saque imperialista. A social-democracia
prossegue suas nove décadas de traição localizando-se
na cabeça da campanha bélica na Inglaterra.
26 Na Alemanha, França, Espanha e Itália os dirigentes
social-democratas seguem as políticas de suas próprias
classes dominantes. Não enfrentam a cruzada norte-americana
contra o Iraque: simplesmente exigem que qualquer guerra seja primeiro
santificada pela aprovação das Nações
Unidas. Os dirigentes oficiais dos sindicatos não são
melhores. Viram-se pressionados a declarar oposição
ao unilateralismo norte-americano, pela fortaleza dos sentimentos
antiguerra entre os trabalhadores, entretanto se ligam aos social-democratas
e, através deles, à ONU, e assim, em última
instância, aos imperialistas.
27 Os dirigentes dos autodenominados partidos comunistas parecem
mais de esquerda. Apóiam as mobilizações antiguerra
e exigem a paz. Porém, para seus dirigentes estas são
meramente palavras piedosas não respaldadas pelos fatos.
No governo, atuam do mesmo modo que seus irmãos social-democratas.
O Partido Comunista Francês foi parte do governo imperialista
que atacou a Sérvia em 1999 e o Afeganistão em 2001.
O PC espanhol não se atreveu a votar contra a proibição
do Batasuna.
28 Inclusive Rifondazione Comunista continuou apoiando a coalizão
governamental de Olivo quando esta enviou as tropas imperialistas
para deter o levante da Albânia em 1997. Hoje todos eles se
centram no respeito às Nações Unidas. Nenhum
deles se atreve, honesta e abertamente, a defender uma nação
sob o ataque da superpotência vilã.
29 Entretanto, na medida em que se torna mais clara a realidade
da guerra, milhares de militantes de base e ativistas desses partidos,
e dos sindicatos ligados a eles, estão começando a
resistir à posição pró-imperialista
ou de confiar na ONU, defendida pelas suas direções
partidárias.
30 Os chamamos a intensificar sua oposição, a serem
mais consistentes e decididos. Os chamamos a expulsar suas direções
belicistas ou a romper em massa com elas. Não pode haver
oposição consistente à guerra sem declarar
guerra aos guerreiristas.
31 Não apenas não devemos reconhecer nenhuma legitimidade
outorgada pelas Nações Unidas, tampouco devemos apoiar
a exigência do retorno dos inspetores de armas das Nações
Unidas. Não negamos ao Iraque o direito de possuir armas
dissuasivas que Israel, para não falar dos Estados Unidos,
já têm em enormes quantidades. Reconhecemos e apoiamos
o direito do Iraque de defender-se contra o imperialismo e sua criação,
Israel. Exigimos a suspensão imediata de todas as sanções
da ONU que têm custado a vida de centenas de milhares de civis
iraquianos.
32 Com ou sem a ONU esta guerra é uma guerra imperialista
de saque e opressão nacional. Deve-se evitar que seus perpetradores
a iniciem ou, se o fazem, derrotá-los. Nossa posição
tem que ser "Fora a ONU e os Estados Unidos do Iraque!"
33 A tarefa dos anticapitalistas, dos antiimperialistas e de todos
os partidários da classe operária é intensificar
a crise social e política causada pela "guerra sem fim"
de Bush e transformá-la em uma luta revolucionária
para derrotar o capitalismo. Só isso pode trazer uma paz
duradoura.
34 Nos últimos três anos, o aumento do protesto coordenado
internacionalmente contra o neoliberalismo global do capital e a
guerra imperialista revelam, sobretudo, uma coisa: existem as condições
para estabelecer mais uma vez o nível mais alto possível
de organização internacional da classe operária,
da juventude, e de todos aqueles que querem substituir o capitalismo
pelo socialismo.
35 Isso não significa ficar contente com um "movimento
de movimentos". Significa uma organização mundial
que seja democrática e também centralizada - uma Internacional.
Esta Internacional pode desenvolver uma estratégia baseada
na revolução como meio e o socialismo como seu objetivo.
36 Todos aqueles que se opõem ou postergam a criação
desta organização da classe operária ajudam,
consciente ou inconscientemente, aos esforços dos capitalistas
globais e imperialistas de nos manter divididos. Isto é assim
mesmo que o façam em nome da oposição a toda
centralização ou organização política
ou porque acreditam que primeiro tem que haver partidos de massas
em cada país e depois a união destes numa Internacional.
37 Que saia de todas as mobilizações contra a guerra
imperialista o chamado à formação de uma Nova
Internacional, um partido mundial revolucionário da classe
operária, a arma mais forte contra o imperialismo e a guerra.
A Fração Trotskista (FT-EI) e a Liga por uma Internacional
Comunista Revolucionária (LRCI) acreditam que esta Internacional
deve continuar e construir-se sobre a base da herança programática
e organizativa da Internacional Comunista de Lênin e da Quarta
Internacional de Leon Trotsky. No entanto, este não é
um ultimatum para as organizações e indivíduos
que concordem em deter a guerra contra o Iraque e com quem buscamos
a mais estreita colaboração nesta luta.
Não ao sangue por petróleo! Não à guerra
do império norte-americano!
Tirem as mãos do Iraque! Detenhamos os preparativos de guerra!
Abaixo todas as leis "antiterroristas"! Liberdade imediata
a todos os prisioneiros e detidos!
Fora todas as forças imperialistas da região! Fora
as bases norte-americanas do Oriente Médio e do Golfo, do
Oceano Índico, do sudeste da Ásia e da Ásia
Central!
Não aos inspetores de armas no Iraque, espiões, provocadores
e tropas avançadas do imperialismo!
Pela retirada de todas as sanções contra o Iraque!
Abaixo o bloqueio!
Detenhamos o assassinato do povo palestino por parte de Sharon.
Pela vitória da intifada palestina!
Nem um centavo nem uma pessoa para a "guerra contra o terrorismo"
- votar contra os orçamentos militares.
Usemos a ação direta para impedir os esforços
de guerra - mobilizações de massas, bloqueios de ruas
e estradas, ocupações de instalações
militares.
Ampliemos as greves econômicas contra os planos neoliberais
dos capitalistas para greves contra a guerra.
Em caso de invasão, pela derrota dos exércitos dos
Estados Unidos e Inglaterra! Pela vitória do Iraque!
Transformemos a "guerra contra o terrorismo" em guerra
de classe contra os exploradores.
Abaixo o capitalismo global e o imperialismo.
Por uma nova Internacional Operária Revolucionária.
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