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Pela defesa do Iraque! Pela derrota do imperialismo!

FT-EI - Fração Trotskista - Estratégia Internacional : (PTS - Argentina, LOR-CI - Bolívia, ER-QI - Brasil, Clase contra Clase - Chile e LTS-CC - México)
LRCI - League for a Revolutionary Communist International (Austrália, Áustria, Inglaterra, República Checa, Alemanha, Suécia e Ucrânia)
Communist League (Índia)

25/10/02

 

Este chamado está dirigido a organizações e indivíduos da esquerda revolucionária internacional, a quem convidamos a assiná-lo e a atuarmos juntos para implementar suas táticas e suas consignas em cada país, no próximo período.

1 A guerra contra o Iraque será uma guerra pelo petróleo: pelo saque dos recursos naturais do país por um consórcio das maiores companhias petrolíferas norte-americanas, como Exxon e a BP britânica. Porém, é, ao mesmo tempo, outro passo no rumo de uma total dominação do mundo pelos Estados Unidos.

2 Primeiro, o Afeganistão foi submetido a um bombardeio massivo que resultou na sua efetiva colonização. Agora, o Iraque está a ponto de receber o mesmo tratamento, mas desta vez com uma invasão terrestre de mais de 250.000 soldados norte-americanos e britânicos. Um general norte-americano teria o poder em Bagdá - com ou sem um governo títere iraquiano. Esta recolonização está planejada para durar uma década ou mais, se George Bush atinge seu objetivo. Não deve fazê-lo!

3 A Casa Branca tem imposto uma nova doutrina: seu "direito" de empreender ações militares preventivas contra qualquer estado soberano. Bush reclama o direito de impor uma "mudança de regime" por meios militares em todo lugar que considere ameaçados os interesses vitais econômicos e de segurança do estado e das grandes empresas norte-americanas.

4 As reservas de petróleo do Iraque serão usadas para submeter ainda mais a já débil soberania dos estados do Oriente Médio. Bush e Ariel Sharon vão impor uma solução final contra os palestinos que os privará de toda esperança de alcançar sua autodeterminação nacional.

5 Enquanto isso, os colonos expansionistas, alentados por bilhões de dólares norte-americanos e tecnologia armamentista, têm via livre para sua sangrenta ocupação de cidades e aldeias palestinas. Os palestinos estão estigmatizados como "terroristas" e, como ao Iraque, lhes dizem que mudem sua direção ou sofram as conseqüências.

6 Os "estados terroristas" são Israel e seu amo transatlântico, armados até os dentes com "armas de destruição massiva" numa escala incrível. É ridículo que o Iraque seja uma ameaça para eles.

7 Os principais estados da União Européia, além da Rússia e da China, posam como defensores da lei internacional e expressam suas dúvidas sobre um ataque ao Iraque. Desde o ponto de vista diplomático se escudam no Conselho de Segurança das Nações Unidas para limitar a ação unilateral e preventiva dos Estados Unidos.

8 Seus motivos não são a busca desinteressada da paz, mas seu próprio interesse. A França e a Rússia têm seus próprios investimentos e concessões para defender no Iraque. A Alemanha busca limitar a extensão do controle norte-americano porque quer construir uma superpotência imperialista rival com uma influência independente na região.

9 A Rússia e a China querem continuar sua opressão aos chechenos, aos uigers e aos tibetanos sem interferência estrangeira. Assim, querem preservar o poder de veto no Conselho de Segurança. Porém, enquanto lhes seja favorável não obstruirão Bush. Não têm nenhuma razão para defender a independência do Iraque nem de nenhum outro país. O Conselho de Segurança das Nações Unidas é verdadeiramente um "covil de ladrões".

10 Mas os ladrões também lutam entre si. Apesar da atual proeminência global norte-americana, o imperialismo continua sendo um sistema de rivalidades entre distintas potências imperialistas. Nenhuma delas se atreve, hoje, a desafiar militarmente os Estados Unidos, mas a ofensiva global de Washington inevitavelmente as obrigará a unir-se para resistir. Portanto, todo seu discurso sobre a lei internacional e as "soluções pacíficas" são mentira.

11 Os que propiciam uma solução por parte das Nações Unidas estão preparando uma armadilha para a classe operária e para todos aqueles que resistem a esta guerra. Tão logo a coação e o suborno obtenham aprovação das Nações Unidas eles acatarão "aflitos" a decisão da "comunidade internacional". Não! Com ou sem aprovação da ONU devemos lutar contra esta guerra imperialista!

12 Bush e Blair dizem que a "guerra contra o terrorismo" está justificada pela necessidade de assegurar a defesa nacional e a segurança dos Estados Unidos. Esta mentira se repete cada dia milhares de vezes nos meios multimilionários. Por meio dessas armas de engano, as classes dominantes norte-americana e britânica querem reunir o apoio da classe operária para sua agressão imperialista.

13 O que os ativistas "anticapitalistas" em muitas partes do mundo chamam de capitalismo global ou neoliberalismo - o saque de todo o planeta pelo FMI, Banco Mundial e as grandes corporações capitalistas multinacionais - está integralmente ligado à "guerra contra o terrorismo" e à intenção de recolonizar o Iraque. Por que? Porque o imperialismo se caracteriza essencialmente por ser terrivelmente destrutivo e desumano. Portanto, para por fim à guerra é necessário extirpar pela raiz o sistema imperialista de conjunto.

14 Para a classe operária a "guerra contra o terrorismo" significa a suspensão ou a abolição de direitos civis chaves: hoje, a liberdade de movimento e de asilo estão restringidos e a vigilância do estado tem se estendido enormemente. Dá-se um verniz de respeitabilidade ao racismo e à islamofobia sobre a base da "segurança". Na medida em que amplie a crise da guerra a liberdade de expressão e de organização estará na linha de fogo.

15 A guerra contra o terrorismo é uma luz verde para que todas as nações opressoras aumentem suas ações militares contra os povos, aos quais se nega o direito elementar à autodeterminação nacional. O estado espanhol proíbe o partido basco Batasuna. A policia britânica invade os gabinetes do Sinn Fein na Assembléia da Irlanda do Norte e depois a suspende. Moscou aproveita a oportunidade para intensificar sua campanha assassina contra os chechenos. O criminoso de guerra Sharon reocupa a faixa ocidental e destrói a Autoridade Nacional Palestina. Em nome da "guerra contra o terrorismo", os Estados Unidos financiam o "Plano Colômbia" e apóiam o reacionário Uribe.

16 Entretanto, o triunfo de Bush e Blair não é inevitável. Não devem triunfar!

17 Hoje em todo o mundo existe e atua um movimento de massas contra a guerra. No final de setembro e início de outubro mobilizações enormes de 400.000 pessoas em Londres e um milhão em Roma mostraram o que se pode fazer. Os trabalhadores com consciência de classe, as comunidades muçulmanas e de imigrantes, as mulheres e os jovens revolucionários se opõem aos milhões a esta guerra.

18 Buscamos deter esta guerra com mobilizações de massas que sacudam o sistema desde suas bases e derrote os guerreiristas e os que os apóiam.

19 Isto deve ocorrer nos próprios países imperialistas. Quando o combate explodir devemos chamar clara e inequivocamente pela derrota total da invasão imperialista e pela vitória da resistência iraquiana. Como nos dias da guerra do Vietnã, a vitória de uma antiga colônia contra a agressão da Grande Potência deve ser o grito que unifique o movimento anticapitalista e o movimento operário internacional. Pela vitória do Iraque!

20 Devemos exigir dos sindicatos que realizem ações contra a guerra: boicote, greves massivas, mobilizações. Nos Estados Unidos e na Inglaterra a tarefa é converter a guerra imperialista contra países como o Iraque em uma crise política e social geral que leve à derrubada de Bush e Blair.

21 Os deputados dos partidos trabalhistas, socialistas e comunistas devem impor debates no parlamento - usando suas bancadas para denunciar os motivos reais dos guerreiristas. Não apenas devem votar contra a guerra, mas também interromper o funcionamento normal dos parlamentos e convocar à resistência ativa os trabalhadores e a juventude.

22 Apoiamos as intifadas de massas em todo o mundo árabe e muçulmano contra os Estados Unidos e a Inglaterra contra todos os regimes que os apóiam, ativa ou passivamente. Chamamos mobilizações e ações diretas contra as bases e os símbolos do poder imperialista e seus investimentos corporativos em todo o globo.

23 Essas ações distinguem a oposição anticapitalista, antiimperialista e revolucionária à guerra. Os dirigentes reformistas se oporão dizendo que o apoio à resistência do Iraque contra o ataque dos Estados Unidos e da Inglaterra implica apoiar Saddam Hussein, do mesmo modo que disseram que o derrotismo na guerra afegã implicava o apoio à ditadura talebã.

24 Porém, apenas o povo iraquiano - árabes e curdos - tem o direito de derrubar a brutal ditadura de Saddam e ao mesmo tempo assegurar a independência de seu país. Ser colonizado pelos Estados Unidos e pela Inglaterra seria um desastre terrível para eles. Somente se alcançará a libertação se os trabalhadores e a juventude das cidades se levantarem e substituírem o regime baathista e militar por uma democracia baseada nos conselhos de operários e camponeses.

25 Os dirigentes oficiais do movimento operário europeu novamente traíram a classe operária, oferecendo apoio aberto ou velado à guerra de saque imperialista. A social-democracia prossegue suas nove décadas de traição localizando-se na cabeça da campanha bélica na Inglaterra.

26 Na Alemanha, França, Espanha e Itália os dirigentes social-democratas seguem as políticas de suas próprias classes dominantes. Não enfrentam a cruzada norte-americana contra o Iraque: simplesmente exigem que qualquer guerra seja primeiro santificada pela aprovação das Nações Unidas. Os dirigentes oficiais dos sindicatos não são melhores. Viram-se pressionados a declarar oposição ao unilateralismo norte-americano, pela fortaleza dos sentimentos antiguerra entre os trabalhadores, entretanto se ligam aos social-democratas e, através deles, à ONU, e assim, em última instância, aos imperialistas.

27 Os dirigentes dos autodenominados partidos comunistas parecem mais de esquerda. Apóiam as mobilizações antiguerra e exigem a paz. Porém, para seus dirigentes estas são meramente palavras piedosas não respaldadas pelos fatos. No governo, atuam do mesmo modo que seus irmãos social-democratas. O Partido Comunista Francês foi parte do governo imperialista que atacou a Sérvia em 1999 e o Afeganistão em 2001. O PC espanhol não se atreveu a votar contra a proibição do Batasuna.

28 Inclusive Rifondazione Comunista continuou apoiando a coalizão governamental de Olivo quando esta enviou as tropas imperialistas para deter o levante da Albânia em 1997. Hoje todos eles se centram no respeito às Nações Unidas. Nenhum deles se atreve, honesta e abertamente, a defender uma nação sob o ataque da superpotência vilã.

29 Entretanto, na medida em que se torna mais clara a realidade da guerra, milhares de militantes de base e ativistas desses partidos, e dos sindicatos ligados a eles, estão começando a resistir à posição pró-imperialista ou de confiar na ONU, defendida pelas suas direções partidárias.

30 Os chamamos a intensificar sua oposição, a serem mais consistentes e decididos. Os chamamos a expulsar suas direções belicistas ou a romper em massa com elas. Não pode haver oposição consistente à guerra sem declarar guerra aos guerreiristas.

31 Não apenas não devemos reconhecer nenhuma legitimidade outorgada pelas Nações Unidas, tampouco devemos apoiar a exigência do retorno dos inspetores de armas das Nações Unidas. Não negamos ao Iraque o direito de possuir armas dissuasivas que Israel, para não falar dos Estados Unidos, já têm em enormes quantidades. Reconhecemos e apoiamos o direito do Iraque de defender-se contra o imperialismo e sua criação, Israel. Exigimos a suspensão imediata de todas as sanções da ONU que têm custado a vida de centenas de milhares de civis iraquianos.

32 Com ou sem a ONU esta guerra é uma guerra imperialista de saque e opressão nacional. Deve-se evitar que seus perpetradores a iniciem ou, se o fazem, derrotá-los. Nossa posição tem que ser "Fora a ONU e os Estados Unidos do Iraque!"

33 A tarefa dos anticapitalistas, dos antiimperialistas e de todos os partidários da classe operária é intensificar a crise social e política causada pela "guerra sem fim" de Bush e transformá-la em uma luta revolucionária para derrotar o capitalismo. Só isso pode trazer uma paz duradoura.

34 Nos últimos três anos, o aumento do protesto coordenado internacionalmente contra o neoliberalismo global do capital e a guerra imperialista revelam, sobretudo, uma coisa: existem as condições para estabelecer mais uma vez o nível mais alto possível de organização internacional da classe operária, da juventude, e de todos aqueles que querem substituir o capitalismo pelo socialismo.

35 Isso não significa ficar contente com um "movimento de movimentos". Significa uma organização mundial que seja democrática e também centralizada - uma Internacional. Esta Internacional pode desenvolver uma estratégia baseada na revolução como meio e o socialismo como seu objetivo.

36 Todos aqueles que se opõem ou postergam a criação desta organização da classe operária ajudam, consciente ou inconscientemente, aos esforços dos capitalistas globais e imperialistas de nos manter divididos. Isto é assim mesmo que o façam em nome da oposição a toda centralização ou organização política ou porque acreditam que primeiro tem que haver partidos de massas em cada país e depois a união destes numa Internacional.

37 Que saia de todas as mobilizações contra a guerra imperialista o chamado à formação de uma Nova Internacional, um partido mundial revolucionário da classe operária, a arma mais forte contra o imperialismo e a guerra. A Fração Trotskista (FT-EI) e a Liga por uma Internacional Comunista Revolucionária (LRCI) acreditam que esta Internacional deve continuar e construir-se sobre a base da herança programática e organizativa da Internacional Comunista de Lênin e da Quarta Internacional de Leon Trotsky. No entanto, este não é um ultimatum para as organizações e indivíduos que concordem em deter a guerra contra o Iraque e com quem buscamos a mais estreita colaboração nesta luta.

Não ao sangue por petróleo! Não à guerra do império norte-americano!
Tirem as mãos do Iraque! Detenhamos os preparativos de guerra!
Abaixo todas as leis "antiterroristas"! Liberdade imediata a todos os prisioneiros e detidos!
Fora todas as forças imperialistas da região! Fora as bases norte-americanas do Oriente Médio e do Golfo, do Oceano Índico, do sudeste da Ásia e da Ásia Central!
Não aos inspetores de armas no Iraque, espiões, provocadores e tropas avançadas do imperialismo!
Pela retirada de todas as sanções contra o Iraque! Abaixo o bloqueio!
Detenhamos o assassinato do povo palestino por parte de Sharon. Pela vitória da intifada palestina!
Nem um centavo nem uma pessoa para a "guerra contra o terrorismo" - votar contra os orçamentos militares.
Usemos a ação direta para impedir os esforços de guerra - mobilizações de massas, bloqueios de ruas e estradas, ocupações de instalações militares.
Ampliemos as greves econômicas contra os planos neoliberais dos capitalistas para greves contra a guerra.
Em caso de invasão, pela derrota dos exércitos dos Estados Unidos e Inglaterra! Pela vitória do Iraque!
Transformemos a "guerra contra o terrorismo" em guerra de classe contra os exploradores.
Abaixo o capitalismo global e o imperialismo.
Por uma nova Internacional Operária Revolucionária.

 

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